quinta-feira, 13 de setembro de 2012

UM NOVO PARADIGMA DE DESENVOLVIMENTO


Clóvis Cavalcanti
Economista ecológico e pesquisador social; clovis.cavalcanti@yahoo.com.br

O Butão (ou Bhutan) é um país pouco conhecido. Não admira. Com uma área equivalente à do estado do Espírito Santo (mais do dobro da de Sergipe), fica espremido entre dois gigantes – China e Índia. A Costa Rica, contudo, é só um pouco maior que ele e a Holanda, menor. Em população, o país se equipara à Região Metropolitana do Recife. E equivale ao Timor Leste e Trinidad-Tobago. Nos últimos tempos, porém, tem aparecido no cenário internacional por haver adotado como bússola do progresso da sociedade o conceito de “felicidade interna bruta” (FIB). Como diz documento do governo butanês, supõe-se que “a felicidade é um objetivo fundamental do ser humano e aspiração universal; que o PIB [produto interno bruto], por sua natureza, não reflete esse objetivo; que padrões insustentáveis ​​de produção e consumo impedem o desenvolvimento durável; e que uma abordagem mais inclusiva, equitativa e equilibrada é necessária para promover sustentabilidade, erradicação da pobreza e alimentar o bem-estar e uma felicidade profunda”.
Independente do que se pense sobre o conceito, o fato é de que ele foi proposto deliberadamente pelo rei do Butão em 1972 como contraponto à busca universal de aumento do PIB. A ideia, portanto, não é nova. Novidade é estar ela sendo agora mais conhecida. Desde 2 de abril último, o Butão iniciou um processo junto às Nações Unidas para estender ao mundo o novo paradigma de desenvolvimento embutido na FIB. Em press-release, o governo do país faz alusão a um decreto do rei, de agosto passado, que cria um grupo de trabalho internacional de peritos convocado para assessorar o país nessa empreitada, no qual se declara que “A Felicidade Interna Bruta reflete e é produzida pela integração do desenvolvimento material, relacional e espiritual”. O mesmo documento explica: “A experiência prática do Butão em seguir esse caminho multidimensional do desenvolvimento social e pessoal integrado pode contribuir e ser benéfico para outras nações e para todos os seres sencientes.” A expectativa é de que o Grupo de Trabalho, compreendendo economistas, cientistas, filósofos e outros profissionais, possa, com o recurso a saberes diversos, elaborar o novo paradigma de desenvolvimento global para promover bem-estar e felicidade como propósito global, através de políticas públicas internacionais efetivas. O Grupo deve se alimentar das melhores práticas existentes, de pesquisas e discursos elaborados em todo o mundo por pensadores progressistas, visando alcançar quatro princípios-chave, a saber: bem-estar e felicidade como objetivos e propósitos fundamentais, e sustentabilidade ecológica, justa distribuição e uso eficiente de recursos como condições necessárias para alcançar aquela meta. No rol das 55 pessoas, algumas muito ilustres, que formam esse grupo, tive a honra de ver meu nome incluído. Minha própria FIB subiu.

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