Quem comprar veículos movidos a óleo diesel vai se deparar com uma nova tecnologia em motorização e respectivo combustível que deve desembarcar em Rio Preto nos próximos três meses e que premia a qualidade do meio ambiente. Caminhões e caminhonetes contarão com uma nova geração de motores movidos também com uma nova geração do combustível, a “S-50”, que tem dez vezes menos concentração de enxofre do que o diesel comum.
Essa novidade deve chegar em Rio Preto até março, quando a frota de caminhões fabricada com os novos motores começará a entrar nas concessionárias. A expectativa é de que até lá os postos de combustíveis também estejam vendendo o novo combustível. De acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), há 39 revendedores credenciados a vender o diesel S-50 em 23 cidades da região Noroeste paulista. Em Rio Preto, por exemplo, são cinco postos habilitados, mas apenas um oferece o produto.
O gerente do posto Chiesa, Vanduir Wolfart, informou que o estabelecimento está vendendo o produto desde o dia 1º. O litro custa R$ 2,10. “O movimento ainda está fraco. Os clientes ainda não conhecem, têm dúvidas, mas devagar vai pegar.” Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sincopetro) de Rio Preto, Roberto Uehara, na região há outro posto vendendo o produto, em Jales. O litro do combustível está custando R$ 2,05, enquanto o diesel comum oscila entre R$ 1,95 e R$ 2,00. “Várias cidades,não só da região, ainda não receberam o combustível.
Além disso, os postos, para vender, devem atender às normas da ANP.” A assessoria de imprensa da Petrobras informou que o preço do S-50 será R$ 0,06 maior do que o S-500 nos polos de comercialização da Petrobras para as distribuidoras. No Posto Martinelli, de acordo com o gerente Antonio Edemilson, a empresa está contratando a empresa que vai fazer a reforma no local e adaptar o tanque para receber o novo combustível. “Estamos selecionando a empresa para executar o serviço”, disse.
Segundo o supervisor de segurança e meio ambiente do grupo Lino de Almeida, proprietário do posto Monte Carlo, Aliandro Capella, a empresa já possui o tanque adequado e está apenas aguardando a distribuição do S-50 para começar a vendê-lo. “O tanque será redimensionado para receber o diesel”, disse. A Petrobras informou ainda que o S-50 está sendo ofertado pela empresa em 14 polos de venda, dos quais quatro em São Paulo:
Barueri, Guarulhos, Paulínia e São José dos Campos. A partir destes 14 polos primários de oferta, as distribuidoras de combustíveis transportarão para bases secundárias e terciárias e daí até os postos de serviço. O planejamento da distribuição do diesel S-50 nos postos de serviço é uma atribuição da ANP, segundo a Petrobras.
Medida atende programa
O diesel menos poluente deveria estar à venda desde o dia 1º de janeiro, segundo resolução publicada pela ANP no mês passado. Postos que tenham número de bicos abastecedores de diesel superior ao de gasolina e etanol devem ofertar o S-50. O objetivo é garantir a oferta de diesel com baixo teor de enxofre para veículos da fase P-7 do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve). Trata-se de uma legislação similar à europeia Euro 5.
Para serem atendidos, os novos limites de emissões da P7 exigem, além de modificações nos motores, novos sistemas de pós-tratamento dos gases de escapamento e diesel com reduzido teor de enxofre. O Plano de Abastecimento de Óleo Diesel de Baixo Teor de Enxofre foi aprovado pela diretoria da ANP em 2009 em decorrência de acordo firmado pela Agência com o Ministério Público Federal, Governo do Estado de São Paulo, Ibama, Petrobras.
Segundo a ANP, atualmente, os tipos de óleo diesel comercializados no território nacional são diferenciados basicamente pelos teores máximos de enxofre: S-50 (50 partes por milhão de enxofre - ppm), S-500 (500 ppm de enxofre) e S-1800 (1800 ppm de enxofre). A partir de 2013, o S-50 será substituído pelo S-10. Os caminhões e caminhonetes a diesel fabricados em 2012 só funcionam com o combustível menos poluente. Será preciso usar ainda outro produto, o Arla 32, que ajuda a diminuir o efeito estufa. Ele não pode ser misturado ao diesel.
Os veículos terão um tanque específico, com tampa azul, separado e devidamente identificado para o Arla 32. O consumo do reagente líquido é aproximadamente 5% do de diesel. Em geral, precisará ser reabastecido a cada três ou quatro tanques de diesel. O vendedor da Priore Veículos, concessionária Iveco, Marcelo Correia, afirma que a previsão é de que os caminhões fabricados em 2012 comecem a chegar ao mercado local entre março e abril.
Até lá, serão vendidos os veículos fabricados em 2011 que ainda estão no estoque. “O movimento está bastante aquecido em Rio Preto. As vendas estão em alta desde novembro”, disse. Segundo Correia, proprietários de veículos desse tipo não deverão ter problemas na região, ao menos quando o combustível começar a ser vendido. “Entretanto, em alguns outros Estados do Brasil certamente será mais complicado abastecer.”
Motor velho pode usar o novo diesel
Cartilha da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) explica que é totalmente desaconselhável abastecer um veículo P7 com outro combustível que não seja o S-50. Já para veículos antigos a Anfavea informa que S-50 pode ser utilizado e apresenta vantagens como redução das emissões de material particulado, menor desgaste dos anéis e cilindros, aumento da vida útil e menor deterioração do óleo lubrificante.
O manual informa que o combustível antigo nos novos motores provocará aumento das emissões, entupimento do catalisador e filtro, formação de depósitos, carbonização do motor, aumento do consumo de combustível, redução da vida útil do veículo, entre outros problemas. Apenas em situações de emergência, e raras, os motores P7 podem funcionar com o diesel antigo, mas isso deve ser evitado ao máximo e o veículo deve ser reabastecido com o diesel novo (S-50) o mais rápido possível.
A assessoria de imprensa da Iveco informou que os caminhões Iveco Ecoline, motorização Euro 5, foram projetados para atender à nova ambiental. Na hipótese de o motorista não encontrar o S-50, a sugestão é abastecer com uma quantidade mínima necessária do diesel disponível até encontrar um que tenha o menos poluente.
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